" O papel é um cofre, onde podemos depositar jóias raras, e a caneta, é a chave para este cofre "

Procurei versos nas ruas vazias da minha imaginação.
Procurei sons nos comodos escuros da minha solidão.
Procurei palavras na boca calada, encontrei oração.
E as lágrimas que corriam não era medo nem dor era gratidão!!!!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Paremos de trapacear; o sentido de nossa vida está em questão no futuro que nos espera

 

ESTUDOS - Velhice/ Terceira Idade

23/07/2012 - Neste texto o autor faz um resumo das ideias principais contidas no livro O que é a velhice, de autoria de Sonia de Amorim Mascaro.
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RESUMO DO LIVRO O QUE É A VELHICE

Fabio J. M. Belas

NITERÓI - SETEMBRO 2008


O livro  O que é a velhice propõe uma reflexão crítica sobre o que, atualmente, é chamado 3ª idade ou maturidade.
Compreendida a partir dos 60 anos, esse segmento de nossa população tem crescido ultimamente, devido às tecnologias advindas desde a modernidade. Atualmente, é fácil imaginar-se vivendo além dos 70 anos de idade, porém, ao longo da história ocidental, esses mesmos 70 anos ocupavam o máximo numa expectativa de vida, e, dificilmente, eram alcançados até meados do século XX.
Quando se é jovem, não consideramos o fato de que iremos envelhecer no processo natural de maturação do corpo com o passar do tempo. Acredita-se no mito da eterna juventude, este valorizado através dos tempos, nas epopéias e nas mitologias universais. A vida eterna e a longevidade foram os fins de atos ou cruzadas heroicas da mitologia grega, pré-cristã e medieval, como, por exemplo, o mito do rei Arthur em busca do cálice de Cristo, que continha a vida eterna.
A velhice, na história, sempre ocupou dois papéis antagônicos, ou representações sociais: ou referia-se à imagem do fim, da morte, do mal e da perda, ou da sabedoria, do conhecimento e do respeito. No entanto, trata-se de um fato natural da vida, tão certo quanto o fim, ao qual todos estamos “destinados”. Se, como dizem os matemáticos, a soma dos fatores não altera o resultado do produto, assim também a meia-idade e a velhice, vividas por cada indivíduo, com sua singularidade, são a premissa do fim que se aproxima e que é inevitável a todos. Um resultado inalterável chamado morte. Portanto, entre as crises da meia-idade, a transposição da fantasia mitológica da eterna juventude para a realidade do fim que se aproxima gera no indivíduo a necessidade de se confrontar com o produto de sua vida, sendo este o legado que deixará, talvez positivo ou incompleto na opinião do sujeito.
Por que é tão comum nos mitos a velhice ser considerada como um flagelo, contrário ao guerreiro protagonista? Principalmente na mitologia grega, os deuses ou heróis eram esculpidos e adorados à imagem dos jovens. Sua força estava nos atributos físicos de sua musculatura, e não na sua divindade exclusivamente. A representação simbólica dos ídolos faz uma associação interessante quanto ao imaginário de jovem e velho na cultura grega: o ídolo Zeus, por exemplo.
Trata-se da imagem de um homem, com a cabeça mais velha e com o corpo musculoso do jovem. Assim, tal deus teria a sabedoria do ancião e a força dos jovens guerreiros. Outro exemplo seria o de Ulisses, da Odisseia, que, apesar de ser guerreiro, era também um homem sábio, ou de Athena, que era filha de Zeus e deusa da sabedoria. Se considerarmos a estimativa de vida da época, na qual aos 40 anos já se era considerado velho, todos esses personagens da mitologia foram esculpidos com a cabeça à semelhança de uma pessoa com idade avançada, mas com o corpo do jovem.
A mitologia, em geral, apresenta o idoso como o identifica Carl Gustav Jung em sua teoria sobre os arquétipos. Em todas as culturas e em todas as cosmogonias mitológicas, a presença do “velho sábio” ou da “grande mãe”, a matriarca, poderá ser encontrada. No entanto, outros arquétipos, como a “sombra”, que representa o mal, serão simbolizados como a perda da virilidade do jovem na imagem do velho, como as bruxas das fábulas infantis ou o aspecto tenebroso dos vilões, nos contos populares. 
Envelhecer representava um momento trágico da história do homem na Grécia antiga. Mas, em algumas sociedades patriarcais, como, por exemplo, a dos hebreus, o líder das tribos era o idoso, chefe da família. Aquele dotado do conhecimento da história que deveria ser compartilhada, através da tradição oral, com seu arraial. O Deus dos hebreus ocupava para o universo o mesmo que o patriarca da família ocupava para seus descendentes. Assim, Deus, no Judaísmo e no Cristianismo, assume a expressão de “Pai Celestial”. O Pai dos patriarcas (Abraão, Isaac e Jacó). No caso das mulheres, a idosa não foi muito valorizada na história ou nos mitos. O arquétipo da “grande mãe” nem sempre, ou, talvez quase nunca, era atribuído às mulheres idosas, porque estas não mais poderiam servir para a reprodução.
No caso das viúvas, se não fosse obrigado por lei ou pela imposição doutrinária religiosa, os filhos, com suas esposas e família, não necessitariam de se prestar ao cuidado dessas idosas.
A velhice era motivo de preocupação. Deveria ser tratada com remédios, poções, ervas ou técnicas que levassem à “imortalidade” ou ao rejuvenescimento. Atualmente, a indústria de cosméticos e a ditadura da moda preservam esse imaginário de representações sociais quanto ao envelhecer. Chamar alguém de velho é pejorativo. Ninguém quer ser velho. Aos idosos ou aos de meia-idade a comparação com os jovens é elogio, como se o adiamento da velhice se tornasse uma verdadeira obsessão.
Antigamente, não havia uma contagem populacional que pudesse oferecer dados sobre a quantidade de idosos de ambos os sexos, presentes nas sociedades. Socialmente, poucos e restritos eram os benefícios oferecidos aos idosos pelo Estado. Nesse aspecto, os militares sempre foram privilegiados. Além disso, o idoso só era realmente respeitado enquanto mantivesse a conduta do homem maduro e forte, ou se fosse rico, respeitado mais devido à sua riqueza do que à sua idade. A imagem do idoso também oferecia aos jovens a credibilidade quanto à vida profissional, já que, desde os mitos, tal imagem esteve associada também à sabedoria e à experiência.
Há uma dificuldade quanto a determinar realmente a idade da velhice, pois ela é subjetiva e complexa. Não se trata da idade estipulada segundo a pesquisa da taxa de estimativa de vida da população. O idoso é diferente do velho. Ser velho é um estado que tem como base o autoconceito, e não os anos de vida. O envelhecimento é um processo biopsicossocial. São fatores genéticos, sociais e comportamentais que irão influenciar a velhice. Qualquer indivíduo pode vivenciar a chamada “velhice”, independentemente de sua idade. Basta viver como, pelo senso comum, se espera que um “velho” viva, ou seja, na expectativa da morte. E isso não depende da senescência, nem da senilidade do indivíduo.
O que realmente atrapalha o idoso é o preconceito. Este, outrora pregado na mídia, atualmente é exorcizado. No entanto, esse exorcismo também gera uma imagem prejudicial à 3ª idade.
A imagem do idoso jovem, que busca refúgio num ideal de juventude, também não significa que ele esteja vivenciando o bom envelhecimento. O idoso que busca ser jovem, com atitudes jovens, pode estar-se baseando num recurso de negação, uma defesa quanto à sua real situação. Negar-se como idoso é impossibilitar-se de viver esta etapa natural do desenvolvimento. A nova ética que nos apresenta o livro é o de “saber envelhecer bem”, o que só depende da harmonia entre a atividade e o desengajamento, concepções antagônicas nas teorias gerontológicas. A atividade do idoso influencia seu autoconceito, e o desengajamento lhe possibilita uma adaptação à nova fase de sua vida.
Concluo, assim, este resumo, compreendendo, através do livro, que a maturidade é mais uma etapa da vida, que não deve ser vivenciada como final, ou como expectativa da morte. Ao contrário dos mitos, ser idoso e ser velho são coisas bem diferentes. Quando se consegue vivenciar a vida como um todo, a idade cronológica pouco importa. A experiência, que é a vida, é o que há de mais importante. Aprender e ensinar: dois movimentos que todos devemos realizar até o último momento de nossas vidas.



*MASCARO, Sonia de Amorim: O que é a Velhice - Coleção Primeiros Passos, São Paulo: Ed. Brasiliense,  1998.

 

 

16 milhões de velhos... e você


Paremos de trapacear; o sentido de nossa vida está em questão no futuro que nos espera; não sabemos quem somos se ignorarmos quem seremos: aquele velho, aquela velha, reconheçamo-nos neles 01/10/2010 - por Claudia Ribeiro na categoria 'Artigos'
O trecho acima foi retirado do livro A Velhice, de Simone de Beauvoir, um clássico sobre o tema publicado pela primeira vez em 1970. Nas suas 712 páginas, a escritora francesa discute as dificuldades da velhice, as limitações e angústias desse período, chamando atenção para o fato de que a sociedade tem cerrado os olhos para os nossos anciões.
Estamos virando a esquina de 2004. Vislumbramos 2005. E então, algo mudou? Será que aprendemos a contemplar “aquela velha” e “aquele velho” e a nos reconhecer neles? Não, os anciões encontram muito pouco lugar em nosso século, que cultua mais o despotismo e a irresponsabilidade da juventude do que a sabedoria e a serenidade da velhice.
Os números indicam que os homens e as mulheres de cabelos brancos, corpos um pouco curvados pelo peso da idade e rostos delineados pelas marcas do tempo deveriam ser tratados de forma diferente, com mais freqüência e seriedade. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada em 2003, o número de brasileiros com 60 anos ou mais é de 16,7 milhões, o que representa 9,6% da população. Considerando a continuidade na queda das taxas de fecundidade e longevidade dos brasileiros, as estimativas para os próximos 20 anos indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas, chegando a representar quase 13% da população em 2024, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Iniciativas isoladas olham com esmero para esse grupo, como a Pastoral do Idoso, o Estatuto do Idoso, a profissionalização de pessoas para o atendimento do idoso e um ou outro curso ou atividade especial para a “terceira idade”. Porém, a força maior para encarar o envelhecimento tem sido demonstrada pelos próprios idosos, que arregaçam as mangas e enfrentam com bravura a fase que, a olhos distantes, pode ser a mais perturbadora, mas é a mais serena e venerável da vida. Conheça aqui cinco histórias de pessoas que colocaram o medo de lado e enfrentaram as limitações físicas e o risco da depressão para aproveitar "a melhor idade".
João Acaiabe, 60 anos
Para o ator e contador de história "a arte ajuda a envelhecer"
Para quem tem mais de 20 anos, fica difícil esquecer a Turma do Bambalalão. Os personagens do programa, exibido pela TV Cultura entre 1977 e 1991, até hoje habitam a memória de muita gente. Também fazia parte dessa turma João Acaiabe, que contava histórias. Hoje, com 60 anos de idade e 34 como ator, Acaiabe continua a enfeitiçar o imaginário de muita criança com seus casos, lendas e contos de fada para meninos e meninas de todas as idades. Desde que se formou em arte dramática na Universidade de São Paulo, em 1970, ele une o trabalho de ator com o de contador de histórias. Atualmente, interpreta o Tio Barnabé na nova versão do Sítio do Pica-pau amarelo, da TV Globo, e participa de um programa de uma TV educativa. Acaiabe também dá aulas de português no Colégio Santo Américo, em São Paulo, e atua no cinema.
Clorinda Auricchio, 79 anos
Dona de casa, avó, estudante da 6ª série e... jogadora de basquete
Os 79 anos e os “probleminhas” que vêm enfrentando, como pressão alta e uma recém-descoberta diabete, não impedem Clorinda Auricchio de seguir, diariamente, uma agenda cheia de atividades e compromissos. Muito pelo contrário. Às 6h30 ela já está de pé. Assume então as tarefas de casa e cuida do neto. À tarde, assiste atenciosamente às aulas da 6ª série do ensino fundamental na Faculdade São Judas. Duas vezes por semana, deixa a função de dona de casa em Santo André e, de ônibus, vai para o clube Juventus, onde 12 senhoras, de 45 a 79 anos, praticam basquete durante uma hora. “Tomo remédios, mas eles dão sono. O remédio quer que a gente fique parada, mas eu não fico, não.”
“Jogo no Juventus há oito anos. Fui jogadora de basquete quando mocinha, no colégio, e participei da seleção santista nos Jogos Abertos do Interior, em Ribeirão Preto, em 1941. Atividade física ajuda muito, é ótima e me faz sentir muito bem. Na São Judas, às segundas e quartas, participo também das aulas de educação física com todas as pessoas que estudam comigo na 6ª série. Como fui criada na praia, sempre tive muito pique. Nadava bastante e nunca deixei de praticar esportes, mesmo precisando cuidar dos filhos e, em seguida, dos netos. Gosto também de participar da organização das festas da igreja do Parque São Lucas, que acontecem nos meses de maio e outubro.”
“Em casa, sou eu quem cuida de tudo, pois não temos empregada. Moro com minha filha, meu neto e meu genro. Depois que fiquei viúva, aos 42 anos, tive de lutar muito para educar minhas quatro filhas. Consegui fazer com que elas estudassem, trabalhassem e se casassem. Como eu, minhas filhas também são muito ativas, mas não praticam esporte. Só a mais nova. Ela joga vôlei. As outras, não, mas todas gostam muito de trabalhar. Isso já é de família!”
Jerson Currera, 74 anos

Depois de 48 anos de trabalho, a aposentadoria
O comerciante Jerson Currera, de 74 anos, é casado e tem de três filhos e três netos. Há 17 anos, quando completou 57 de vida e 48 de trabalho, resolveu se aposentar. Apesar do receio de “ficar sem ter o que fazer” depois de quase cinco décadas dedicadas a diferentes atividades, passou a freqüentar com a mulher a Associação Cristã de Moços (ACM). Lá pratica ginástica e alongamento, reúne-se com os amigos e ganhou energia suficiente para arrumar um novo ofício: o de artesão. Fiel amante do trabalho, montou uma oficina em sua casa e agora faz porta-retratos, que são vendidos em lojas do Bairro do Limão.
Nice Pimentel Leitão, 80 anos

“Moro sozinha, sou viúva e cuido sozinha das minhas coisas
Nice Pimentel Leitão, de 80 anos, encontrou na espiritualidade o melhor caminho para o envelhecimento. Viúva, mãe de quatro filhos, vive sozinha e, duas vezes por semana, vai a um centro espírita, onde trabalha como voluntária. Lá, ouve os problemas de outras pessoas e tenta ajudá-las. Nice confessa que também passa por dificuldades, mas as atravessa tranqüilamente com a ajuda da leitura, da meditação e da assistência social.

Pascoa Gurda, 74 anos

“Eu me olho no espelho e sei quem sou. É claro que não sou nenhuma menina, mas vivo muito bem”
Pascoa Gurda tem 74 anos e, como Clorinda Auricchio, faz parte do time do Juventus, onde 12 senhoras, de 45 a 79 anos, praticam basquete duas vezes por semana durante uma hora. Nunca ficar parada é um dos segredos para envelhecer bem, segundo Pascoa. Tal como quando jovem, ela conta que leva uma vida ativa e não deixou de fazer nada por causa da idade. Casada há mais de 50 anos, acorda às 7h30 e, durante o dia, quando não está jogando, divide as horas entre as compras, os trabalhos domésticos, os encontros com as amigas, o cuidado com o marido, netos e filhos e as viagens que costuma fazer. Outro segredo, conta, é não depender de ninguém.






A bela velhice; Há uma geração que esta rejeitando estereótipos e criando novos significados para o envelhecimento.

Pra se envelhecer bem, ou seguir o caminho que nos leva realização plena de uma vida, é necessário continuar sonhando, ter planos e metas. A vida não para, e ninguém sabe a hora da partida. Olhar pra traz ver sonhos realizados ou não, só nos remetem ao agora e ao amanhã. Vamos continuar o que começamos, refazer o que erramos, erguer a cabeça, arregassar as mangas e continuar a busca da nossa "missão". Se a vida é apenas uma passagem, se vivemos para aprender, então busquemos a cada dia a perfeição que nos leve rumo a felicidade, mesmo sabendo que rugas complementam nossa idade. Ser velho não é adormecer, mas sim desfrutar de tudo o que construimos ao longo dos anos.Ser feliz é a chave de ouro para a eternidade!!!!!!