" O papel é um cofre, onde podemos depositar jóias raras, e a caneta, é a chave para este cofre "

Procurei versos nas ruas vazias da minha imaginação.
Procurei sons nos comodos escuros da minha solidão.
Procurei palavras na boca calada, encontrei oração.
E as lágrimas que corriam não era medo nem dor era gratidão!!!!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Quando é tarde para ser mãe?

Cresce o número de grávidas com mais de 50 anos. Há benefícios e riscos em criar um filho mais velha

FORA DO PADRÃO O casal Janete Pinheiro, de 52 anos, e Ítalo Silveira, de 88, com os filhos gêmeos, Pedro e Alice, de 4 meses. “Ninguém pode me dizer quando é tarde para formar minha família”, afirma Janete (Foto: Nidin Sanches/Nitro/ÉPOCA)
Aos 53 anos, a aposentada Suely Menezes se orgulha do pique que tem para brincar com seus netos e bisnetos. E com a filha Gabriela, de 1 ano e 6 meses. “Tenho estrutura emocional e econômica, algo que não tive com meus primeiros filhos”, diz Suely, mãe pela quarta vez. Depois que os mais velhos cresceram – hoje têm entre 38 e 29 anos –, Suely quis ser mãe novamente. Ela tomou hormônios para estimular a ovulação. Em laboratório, os médicos fecundaram o óvulo dela com um espermatozoide do marido e implantaram o embrião no útero. Casos como o de Suely são cada vez mais comuns. As mulheres colocaram de lado os limites impostos pela natureza – com a ajuda das técnicas de reprodução assistida – e revolveram corpo e alma em busca da maternidade depois dos 50 anos. O fenômeno é mundial. Desde 1997, triplicou o número de grávidas americanas com mais de 50 anos. Na Inglaterra, entre 2008 e 2009, aumentou em 55%. No Brasil, mães com mais de 40 anos respondem hoje por 4% dos nascimentos. Em 1999, respondiam por 1,8%.
Apesar da popularização, a maternidade tardia ainda impõe questionamentos sociais. Muitos especialistas afirmam que, depois dos 50 anos, o vigor físico e o psicológico não são os mesmos. Falta aos pais tardios, dizem, energia para lidar com os filhos. Estes, por sua vez, podem sofrer impactos psicológicos por terem pais que mais se parecem com os avós dos amigos. E, pior, correm maior risco de se tornar órfãos. Segundo o último censo, uma criança nascida no Brasil de uma mãe cinquentenária ficaria órfã aos 23 anos. Nos Estados Unidos e na Europa, onde a expectativa de vida é maior, essa idade subiria para 30 e 32 anos. No ano passado, o casal italiano Gabriella e Luigi d’Ambrosis perdeu a guarda da filha recém-nascida porque a Justiça considerou que ela, com 58 anos, e ele, com 70, eram velhos demais. A decisão chamou a atenção do mundo para o dilema: é possível (e justo) traçar um limite etário para a maternidade?
A maioria dos países não estabelece limite. A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva recomenda que as clínicas de fertilização desencorajem mulheres na menopausa. Na Inglaterra, a Lei de Fertilização Humana e Embriologia sugere que apenas mulheres com menos de 45 anos recebam doação de óvulos – no caso de as candidatas não ovularem e precisarem de óvulos de outra mulher. Depois dos 43 anos, a chance de conceber um filho naturalmente é de menos de 10%. A quantidade de óvulos viáveis míngua até se esgotar, por volta dos 50 anos. Poucas mulheres assumem recorrer a óvulos doados – o que implica assumir que a criança não carrega sua carga genética. “Não conto para ninguém porque não quero que questionem se a minha filha é biologicamente minha ou não”, diz uma arquiteta carioca que deu entrevista a ÉPOCA na condição de não ser identificada. Em novembro, aos 61 anos, ela deu à luz uma menina. Diz que sempre quis ser mãe, mas adiou a gravidez por causa do trabalho e por falta de relacionamentos estáveis. Quando se sentiu segura com o atual companheiro, 23 anos mais novo, uma gestação natural era impossível. Filha única, pensou que sua família acabaria ali. “Não queria isso”, diz.
No Brasil, uma resolução do Conselho Federal de Medicina determina que procedimentos como receber ovodoação e fertilização sejam feitos se não houver risco para a mãe. A única restrição é o número de embriões implantados. Não pode passar de quatro depois dos 35 anos. “Uma gravidez múltipla é de alto risco em qualquer idade e só piora com o passar do tempo”, afirma José Hiran Gallo, coordenador da Câmara Técnica de Reprodução Assistida. Em março, ele diz que se reunirá com especialistas para propor mudanças. “A resolução é omissa por não fixar limite etário”, diz. “Há clínicas tratando mulheres cada vez mais velhas.”
A gestação em idade avançada pode trazer riscos à gestante e ao bebê. O risco de aborto é grande. A carioca Janete da Silva Pinheiro, de 52 anos, pensou que teria uma gravidez tranquila. Mas deu à luz em setembro os gêmeos Pedro e Alice depois de sete meses de gestação. “Acompanhei o sofrimento deles na incubadora por dois meses”, diz. Ela adiou a gravidez porque o companheiro, o psicólogo Ítalo Silveira, de 88 anos, tinha filhos de outros casamentos e não pretendia aumentar a prole. Mudou de ideia depois dos apelos de Janete. “Não me sinto culpada pela possibilidade de ele não acompanhar o crescimento dos filhos”, diz Janete. “Ninguém pode me dizer quando é tarde para formar minha família.”
O assunto é delicado. Caberia a alguma instituição governamental ou colegiado de profissionais decidir quando é tarde demais para ser mãe? Para os defensores da maternidade tardia, mesmo que os filhos percam os pais mais cedo, por volta dos 30 anos, essa idade é suficiente para eles serem independentes. “Não vejo egoísmo nem inconsequência”, diz a americana Sylvia Ann Hewlett, economista da Universidade Harvard, autora do livro Criando uma vida: mulheres profissionais e a busca por crianças. “A idade não muda a natureza zelosa de uma mãe”, diz. Pesquisas mostram que ter pais mais velhos pode ser bom. Eles estão estabelecidos financeiramente (desembolsam cerca de R$ 20 mil a cada tentativa de engravidar) e oferecerão educação e assistência médica de qualidade. As crianças contariam com a atenção integral dos pais, já fora do mercado de trabalho, o que se traduziria em maior desenvolvimento cognitivo e segurança emocional. Um estudo da Universidade de Iowa, nos EUA, descobriu que quanto mais velha a mãe, melhor o desenvolvimento da criança em testes de linguagem e matemática. Seria mais um indício de que, além de não ter tamanho determinado, coração de mãe não tem idade?


Embora nos dias atuais isso pareça arriscado. Na Biblia há relatos de mulheres que tiveram filhos bem mais velhas e com a benção de Deus. Acho mesmo que o desejo de ser mãe deve ser respeitado, e aquelas que almejam este tão desejado posto deve ir a luta. Pois afinal a vida é uma só, e não devemos partir sem antes completar nossa missão.

Boa sorte a todas. Mas lembressem que ainda tem a opção da adoção. Beijos...

                                        Solange Arruda

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