" O papel é um cofre, onde podemos depositar jóias raras, e a caneta, é a chave para este cofre "

Procurei versos nas ruas vazias da minha imaginação.
Procurei sons nos comodos escuros da minha solidão.
Procurei palavras na boca calada, encontrei oração.
E as lágrimas que corriam não era medo nem dor era gratidão!!!!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mulheres brasileiras não sabem envelhecer?

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Em outras culturas, o investimento em outros capitais é muito mais importante para a mulher.
“A partir dos dados da minha pesquisa comparativa com mulheres brasileiras e alemãs de mais de 50 anos, posso dizer as brasileiras não sabem envelhecer bem”, afirma. Na observação entre dois universos, as alemãs pareceram mais confortáveis com envelhecimento. “No Brasil, tenho observado um abismo enorme entre o poder objetivo, o poder real que elas conquistaram e a miséria subjetiva que aparece em seus discursos”. Essa miséria diz respeito a assuntos como gordura, flacidez, decadência do corpo, insônia, doença, medo, solidão, rejeição, abandono, vazio, falta, invisibilidade e aposentadoria.
Ao observar a aparência das alemãs e das brasileiras, ela percebeu que aqui as mulheres se parecem mais jovens e estão em melhor forma, mas o que sentimos é de desvalorização. “A discrepância entre a realidade objetiva e os sentimentos subjetivos das brasileiras me fez perceber que aqui o envelhecimento é um problema muito maior, o que pode explicar o enorme sacrifício que muitas fazem para parecer mais jovens, por meio do corpo, da roupa e do comportamento. Elas constroem seus discursos enfatizando as faltas que sentem, e não suas conquistas”.
Comparando os discursos, Mirian chegou a conclusões interessantes. No Brasil, segundo ela, se dá ênfase a decadência do corpo e a falta de homem é uma característica do discurso das brasileiras. “A ideia de falta, de invisibilidade e de aposentadoria só apareceu no discurso das brasileiras. As alemãs enfatizaram a riqueza do momento que estão vivendo, em termos profissionais, intelectuais e culturais”, diz.
As alemãs consideram os 51 anos um momento de grande realização e possibilidades, valorizam o trabalho, a saúde e a qualidade de vida que conquistaram. Acham ‘falta de dignidade’ uma mulher querer parecer mais jovem ou se preocupar em ‘ser sexy’, além de imaturidade e infantilidade incompatível com o esperado para uma mulher nesta faixa etária. “O corpo, para elas, não é tão importante, a aparência jovem não é valorizada e, sim, a realização profissional, a saúde e a qualidade de vida. Algumas me disseram que não compreendiam por que a mulher brasileira gosta de receber elogios e cantadas na rua. Uma delas me disse uma vez: ‘você mesma é que deve se sentir atraente e não precisa de ninguém para dizer se é ou não. É uma falta de dignidade ser tão dependente dos homens’”.
Questionada sobre o pânico do envelhecimento, Mirian diz que numa cultura onde o corpo é um capital - mas que ter um marido parece ser ainda mais importante ainda -, é muito difícil e quase dramático, envelhecer sozinha. “Mas aprendi, e continuo aprendendo, com mulheres como Leila Diniz, Simone de Beauvoir, minhas pesquisadas alemãs e agora as brasileiras, que é possível envelhecer com menos sofrimento, se valorizarmos e investirmos em outros capitais, e não apenas no capital físico ou no marital’”.

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